Em meio a um rombo bilionário e uma série de problemas internos, os Correios têm enfrentado duras críticas após destinarem R$ 4 milhões para patrocinar a turnê do cantor Gilberto Gil, que celebra seus 60 anos de carreira. A decisão da estatal de apoiar financeiramente os shows, ao lado de marcas de luxo como a Rolex, gerou indignação não apenas entre parlamentares e parte da sociedade, mas principalmente entre os próprios funcionários da empresa.
A turnê, que teve início em março e segue até novembro de 2025, conta com ingressos que chegam a custar até R$ 1,5 mil.
Para os trabalhadores da estatal, o patrocínio em um momento tão delicado é visto como um desrespeito. “Enquanto a empresa gasta milhões com eventos luxuosos, nós estamos sem receber o repasse do FGTS e não conseguimos nem atendimento médico com nosso plano de saúde descredenciado”, disse um funcionário que preferiu não se identificar.
A crise interna nos Correios é grave. Em 2025, a estatal já acumula mais de R$ 2 bilhões em prejuízo, e enfrenta dificuldades para manter seus compromissos básicos com os colaboradores. A falta de repasse ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a suspensão de atendimentos médicos devido à inadimplência com convênios de saúde têm gerado revolta.
A gestão dos Correios defendeu o patrocínio cultural como parte de uma estratégia de marketing e fortalecimento institucional. No entanto, o investimento na turnê de Gilberto Gil não é um caso isolado. Neste ano, a estatal também destinou mais de R$ 1 milhão para patrocinar o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, realizado em Brasília, o que reforça as críticas sobre a prioridade na alocação de recursos.
Parlamentares já acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério das Comunicações para investigar os critérios de patrocínio adotados pela empresa. A pressão por mais transparência e responsabilidade no uso do dinheiro público deve aumentar nos próximos dias.
Para os trabalhadores dos Correios, a sensação é de abandono. “Estamos trabalhando sob pressão, com cortes, sem assistência básica, e vendo o dinheiro da empresa ir para shows elitizados. É revoltante”, afirmou um outro funcionário.
A crise nos Correios escancara a urgência de uma gestão mais equilibrada e sensível à realidade de seus servidores — e dos brasileiros que pagam por seus serviços.
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