Publicado em 18/08/2025 às 06:08, Atualizado em 18/08/2025 às 10:14
Após 20 anos de hegemonia do MAS, país viverá guinada política com candidatos de centro-direita e direita
A Bolívia vive um momento histórico em sua política. As eleições gerais realizadas neste domingo (17) marcaram o fim de cerca de duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado por Evo Morales. Pela primeira vez desde 2005, a legenda de esquerda não estará no segundo turno presidencial, que será disputado exclusivamente por candidatos de direita e centro-direita.
Resultados da votação de acordo com os resultados preliminares:
Rodrigo Paz Pereira (Partido Democrata Cristão) surpreendeu e liderou a disputa com cerca de 32% dos votos.
Em segundo lugar, ficou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, de perfil conservador, com aproximadamente 27%.
O MAS, com Eduardo del Castillo, obteve menos de 4%, registrando a pior derrota de sua história.
O voto nulo, incentivado por Evo Morales, atingiu cerca de 19%, percentual recorde no país.
Com esse cenário, nenhum candidato atingiu os requisitos para vencer no primeiro turno (50% dos votos válidos ou 40% com 10 pontos de vantagem), levando a disputa para o segundo turno marcado para 19 de outubro.
Virada histórica
O resultado simboliza uma guinada política na Bolívia, encerrando o ciclo de governos de esquerda que teve início em 2006 com Evo Morales e se manteve com Luis Arce. A crise econômica, a inflação elevada e a divisão interna no MAS contribuíram para a queda do partido.
O que está em jogo
Rodrigo Paz defende um governo de consenso, descentralização e combate à corrupção, atraindo eleitores jovens e setores populares.
Quiroga aposta em privatizações, reformas liberais e maior aproximação com organismos internacionais como FMI e Banco Mundial.
A disputa promete ser acirrada em um país que enfrenta inflação superior a 16%, escassez de combustíveis e alimentos, além da queda das reservas internacionais.
O segundo turno da Bolívia não decidirá apenas um novo presidente, mas também um novo rumo político e econômico para o país, após duas décadas de hegemonia da esquerda. O pleito de outubro será determinante para definir se a nação seguirá uma agenda de centro-direita moderada ou um caminho mais liberal e conservador.