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Apenas 12 municípios de MS têm acesso ao 5G: quase metade da população segue excluída digitalmente

Levantamento revela estagnação da cobertura móvel em áreas urbanas e rurais; mais de 1 milhão de sul-mato-grossenses estão sem acesso à rede 5G

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Mato Grosso do Sul está entre os estados com menor acesso à tecnologia 5G no Brasil. Um levantamento divulgado nesta terça-feira (10) revela que apenas 12 dos 79 municípios sul-mato-grossenses recebem sinal da nova geração de internet móvel. Isso significa que 1,16 milhão de pessoas — o equivalente a 47,72% da população — ainda estão desconectadas dessa tecnologia, escancarando um cenário de exclusão digital.

Segundo dados enviados pelas operadoras à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o problema se estende a outras redes de conectividade. Na zona rural, cerca de 251.536 moradores vivem sem acesso a redes 3G, 4G ou 5G. O estado ocupa apenas a 20ª posição no ranking nacional de conectividade rural, superando somente sete unidades da federação: Tocantins, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, Amapá e Roraima. Apenas 27,1% da população rural tem cobertura.

O mesmo levantamento indica que 273 mil pessoas, em áreas urbanas e rurais, seguem sem cobertura de 4G. Municípios como Vicentina, Alcinópolis, Figueirão, Jateí, Rio Negro e Taquarussu não são atendidos pela Claro, enquanto Figueirão, Japorã e Paranhos estão fora da cobertura da Vivo. No total, 23,5 mil moradores de 62 localidades — entre povoados, vilas, aldeias e núcleos populacionais — vivem com acesso inexistente ou precário às redes móveis. Essas localidades estão espalhadas por 37 municípios.

Pesquisa com prefeituras confirma apagão digital

A situação foi detalhada em uma pesquisa de campo coordenada pelo deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), que encaminhará um requerimento oficial à Anatel. Das 79 prefeituras consultadas, 30 responderam. O resultado preocupa: 53,3% confirmaram falhas de sinal até mesmo em áreas urbanas, enquanto 96,7% relataram dificuldades frequentes com serviços de telefonia móvel.

Entre as principais queixas estão:

Sinal fraco (82,1%)

Interrupções frequentes (57,1%)

Chamadas com falhas (32,1%)

Internet instável (25%)

Além disso, dos 25 distritos consultados em 16 municípios, 68% disseram que não há qualquer cobertura de celular nas regiões densamente povoadas.

Cobrança à Anatel

Diante do quadro, o deputado Pedrossian Neto solicitou que a Anatel informe à Assembleia Legislativa:

Os planos de investimento atualizados para as tecnologias 5G, 4G e 3G no Estado;

Cronogramas de expansão de cobertura, incluindo a zona rural;

Relatórios sobre o cumprimento das metas contratuais por parte das operadoras.

“Estamos diante de um verdadeiro ‘apagão digital’. A falta de conectividade compromete o acesso à educação, saúde, segurança e ao próprio desenvolvimento econômico de dezenas de comunidades”, afirmou o parlamentar.

O cenário de Mato Grosso do Sul reflete não apenas um atraso tecnológico, mas uma urgência social: garantir conectividade para todos é garantir dignidade, acesso e inclusão no século XXI.

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