Durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Grupo Globo registrou um crescimento financeiro sem precedentes: o faturamento líquido saltou para R$ 17,37 bilhões em 2024 — aumento de 8,2% em relação ao ano anterior — e o lucro líquido disparou 151,7%, alcançando R$ 2,067 bilhões.
Quase a totalidade desse lucro (R$ 2,055 bilhões) foi destinada à família Marinho, controladora do grupo. Os números geraram críticas e levantaram questionamentos sobre a relação entre o governo federal e os grandes conglomerados de mídia.
Verbas públicas e negócios estratégicos turbinam lucros do grupo
Além do crescimento orgânico, o resultado foi impulsionado pela aquisição de 74,01% da Eletromidia, líder no setor de publicidade out of home (OOH), em uma operação avaliada em R$ 1,7 bilhão. A compra, aprovada pelo Cade, consolidou o domínio da Globo sobre o segmento, com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para fechar o capital da empresa prevista ainda para abril de 2025.
Críticos apontam que o crescimento da Globo se deu em paralelo à expansão de campanhas publicitárias do governo Lula e à distribuição generosa de verbas oficiais para a imprensa — algo que, embora legal, reacende o debate sobre a independência editorial da mídia em relação ao poder público.
Cenário favorável levanta suspeitas sobre concorrência e pluralidade
Enquanto a Globo justifica os bons resultados com a diversificação de negócios e adaptação ao novo perfil do consumidor, vozes do setor e da oposição afirmam que o ambiente político favorável contribuiu significativamente para o fortalecimento do grupo. Para esses críticos, o aquecimento do mercado publicitário sob a gestão petista favoreceu de forma desproporcional grandes conglomerados, em detrimento de veículos menores e independentes.
"A concentração de poder econômico e midiático em poucas mãos, aliada à proximidade com o governo, compromete a diversidade de vozes no país", afirmou um analista político ouvido sob condição de anonimato.
Lucro bilionário contrasta com cenário econômico adverso
O crescimento da Globo ocorre em um momento de dificuldade para boa parte da economia brasileira, com retração em setores estratégicos e queda no poder de compra da população. Para muitos, o lucro bilionário da emissora simboliza uma disparidade preocupante entre a elite empresarial e a realidade do país.
A relação entre mídia e governo — historicamente complexa — volta ao centro do debate público, alimentando discussões sobre financiamento público, liberdade de imprensa e o papel social dos veículos de comunicação.
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