"Demoliram Nossa História: 38 Anos Sem a Antiga Igreja Nossa Senhora da Abadia"
Já se passaram 38 anos desde que a antiga Igreja Nossa Senhora da Abadia foi demolida em Sidrolândia, e a ferida ainda permanece aberta na memória de muitos moradores. Para grande parte da população, a destruição daquele templo religioso simbolizou não apenas a perda de um espaço de fé, mas o apagamento de uma parte importante da história e da identidade sidrolandense.
A igreja, que foi oficialmente reconhecida como paróquia em 19 de dezembro de 1956 por Dom Orlando Chaves, então bispo de Corumbá, foi entregue aos cuidados do Frei Ludovico de Carlos Gomes, que assumiu em 27 de janeiro de 1957. Com estrutura simples, mas carregada de significado, a antiga igreja foi testemunha de gerações de batizados, casamentos, missas e celebrações comunitárias que marcaram a vida de centenas de famílias.
No entanto, em 1985, alegando deterioração da estrutura, optou-se por sua demolição. Em 1989, iniciou-se a construção da nova Igreja Matriz, que foi inaugurada dois anos depois, em 1991. A justificativa na época foi de que a antiga edificação estava comprometida e que a reforma seria inviável. No entanto, muitos estudiosos, moradores e defensores do patrimônio histórico contestam essa decisão até hoje.
A antiga Igreja Nossa Senhora da Abadia resistiu por quase 30 anos. Esse período, embora não tão extenso, não justifica, segundo especialistas, uma condenação à demolição.
Edifícios históricos em todo o mundo são restaurados e preservados com décadas — até séculos — de existência. Faltou, no caso de Sidrolândia, visão, respeito e um compromisso real com a preservação do que é público, do que é memória.
A destruição da antiga igreja foi, para muitos, um ato de descuido com o patrimônio cultural da cidade. Uma escolha que retirou do povo sidrolandense um símbolo que poderia ter sido restaurado e valorizado, como acontece em tantas outras cidades que compreendem a importância de manter viva sua história.
Hoje, resta a nova Igreja Matriz — bonita, funcional, mas que não carrega as marcas do tempo, nem o charme e a aura de um prédio que nasceu junto com a fé organizada em Sidrolândia. Resta também a saudade e a crítica: não se apaga o passado com cimento novo. Patrimônio histórico é para ser cuidado, preservado e respeitado.
Porque história demolida não se reconstrói.
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