O Sábado de Aleluia, celebrado entre a Sexta-feira Santa e o Domingo de Páscoa, é um dia de silêncio litúrgico para a Igreja, marcado pela espera da ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, nas tradições populares, a data ganhou contornos próprios — misturando fé, simbolismo e até certo senso de justiça bem-humorada.
Um dos costumes mais lembrados por quem cresceu em família tradicional é o da “licença” para os pais, especialmente as mães, retomarem as broncas e correções físicas nos filhos. Durante a Semana Santa, em respeito ao sofrimento de Cristo, era comum que os adultos evitassem gritos, castigos e até discussões. Mas, chegado o Sábado de Aleluia, a paciência acumulada dava lugar à famosa frase: “Agora acabou a Semana Santa, hoje pode apanhar!”
Esse folclore, que mistura religiosidade com traços da cultura oral brasileira, mostra como o Sábado de Aleluia sempre foi vivido com intensidade — seja no recolhimento da fé ou nas expressões mais populares.
Outro hábito tradicional da data era a “malhação do Judas”. Bonecos feitos de trapos e roupas velhas, representando Judas Iscariotes, eram pendurados nas ruas, praças ou portas das casas. Depois, com palmas e batuques, a comunidade se reunia para bater, rasgar ou até incendiar os bonecos — uma forma simbólica de punir a traição.
Hoje, muitas dessas tradições estão se perdendo ou são lembradas apenas com nostalgia. Mas o Sábado de Aleluia ainda ecoa como um dia de transição: entre o luto e a esperança, entre o silêncio e a celebração.
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