Irmãos Eduardo e Stephany em foto compartilhada na internet. (Foto: Redes sociais)
Alegre e brincalhona, Stephany tinha 30 anos. Mas, o sorriso no rosto escondia a dor de uma doença silenciosa, que venceu a batalha no último domingo. "Ela estava lutando contra a depressão há cinco anos, se tratando", lamentou o irmão, Eduardo Maciel. A jovem teve o corpo queimado e, apesar de a polícia investigar o caso, a família não acredita em crime.
Por telefone, o irmão conversou com o Campo Grande News. Eduardo ainda tenta juntar os cacos, se recuperar e dar forças à família. Ao lembrar de Stephany, engasgou, respirou e com a fala angustiante a descreveu como a menina que "ajudava a quem precisava". E é assim que ele lembrará da parceira desde os primeiros passos de vida.
Eduardo contou que Stephany Maciel Silva foi casada por aproximadamente nove anos e morava na casa do Bairro Nova Campo Grande, na Capital. Mas, há cerca de cinco anos fazia tratamento contra a depressão e tomava medicamento controlado. A separação veio há cerca de dois anos e, junto, a dor aumentou. "Ele [ex-companheiro] deixou ela hospitalizada após uma tentativa dela de tirar a própria vida", diz Eduardo.
Stephany chegou a ficar internada em uma clínica psiquiátrica por um período e, depois, decidiu se mudar para Itamarati, distrito de Ponta Porã, junto com a mãe. Também houve outras mudanças para Dourados e Amambai. Neste ínterim, a jovem contraiu uma infecção, que atingiu o rim. Então, passou a fazer hemodiálise na Capital. "Mas, ela escondia muita coisa da gente. Mesmo a gente tentando ajudar", lamenta Eduardo.
No último fim de semana, o irmão a recebeu em casa. "Veio para minha casa, ficou até sábado e no domingo a gente almoçou. Já achei ela estranha no domingo", lembra o irmão. "Depois, ela entrou em contato com essa amiga mora do lado da casa dele [ex-companheiro] e foi até lá".
Quando chegou na região, Stephany foi bem acolhida, pois conhecia todos os vizinhos. Durante o encontro, o ex passou acompanhado da atual companheira. A família acredita que ela tenha ficado mexida com a situação. "Ainda mais que há uma semana saiu o divórcio e ela não teve direito a nada", comentou Eduardo.
Cadeira em que jovem estava sentada e os sapatos dela abandonados na calçada. (Foto: Gabi Cenciarelli)
Pouco tempo depois, a jovem foi vista em chamas e não houve chance para salvá-la. Apesar de o histórico da jovem apontar que ela possa ter tirado a própria vida e o cenário não indicar crime, a polícia investiga o caso. Também procura pelo motoqueiro que comprou a gasolina em garrafas de energético - que foram encontradas ao lado do corpo. "Ele ainda não foi identificado, por isso a necessidade do acesso às imagens captadas pelas câmeras de segurança do posto ou das imediações", disse o delegado Wilton Villas Boas.
O irmão afirma que a mãe está em prantos e segue tentando ter forças para dar apoio à família. "Minha mãe mora no Pará, ela está sem chão. Mas, não queremos que ela venha agora, é um momento muito difícil".
O caso - Segundo uma das vizinhas, eles estavam conversando e brincando momentos antes. "Estávamos bebendo, conversando, cantando, brincando", conta a moradora. Em determinado momento, o ex passou pela rua acompanhado da atual companheira. "Ela [Stephany] mudou o comportamento, não saía do telefone", relata a vizinha.
Em seguida, a jovem encomendou uma roupa e pediu para entregar onde ela estava. "O entregador veio trazer a roupa e depois ela pegou a cadeira de fio para sentar na calçada", descreve. Os vizinhos afirmam que, após isso, todos se dispersaram. "Foi muito rápido. Eu entrei para dentro de casa, minha filha me acordou e quando fui ver ela estava em chamas na cadeira, na frente da casa do ex", descreve a mulher.
Procure ajuda - Em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta apoio emocional gratuito a pessoas em crise por meio de atendimento telefônico pelo número 0800 750 5554.
Vítimas de depressão e demais transtornos psicológicos podem buscar ajuda no Núcleo de Saúde Mental, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou pelos telefones 141 e 188 CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da PM e 193 dos Bombeiros, que ajudam pacientes a romper o silêncio.
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