Prefeitura de Sidrolândia após operação contra corrupção. (Henrique Arakaki, Midiamax)
A delação premiada que prometia abalar as estruturas da política de Sidrolândia foi inesperadamente paralisada pela Justiça. O juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva decidiu “congelar” por 90 dias o acordo firmado entre o Ministério Público e Thiago Basso da Silva, ex-chefe de compras da Prefeitura.
A medida levanta dúvidas sobre o futuro das investigações da Operação Tromper, que mira um esquema milionário de corrupção supostamente liderado pelo ex-vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB).
O congelamento do acordo ocorre sob a justificativa de que o delator não teria cumprido todas as obrigações previstas. Entre elas, a devolução de R$ 80 mil — valor que representaria a parte dele no suposto esquema de propinas. Apesar do pagamento ter sido iniciado, outras cláusulas essenciais não teriam sido atendidas.
“A pendência de cumprimento das demais cláusulas pactuadas impede a homologação imediata. Assim, determino o arquivamento provisório por 90 dias, com posterior reavaliação quanto ao cumprimento integral das obrigações”, determinou o juiz.
Investigados comemoram decisão
A notícia da suspensão provocou reações nos bastidores do caso. Investigados, que temiam a força da delação de Thiago, teriam comemorado a decisão judicial. Alguns advogados envolvidos no processo enxergam a medida como uma possível brecha para ganhar tempo e tentar “esvaziar” as acusações.
No entanto, o clima de alívio durou pouco: no início deste mês, novas prisões abalaram o grupo. Claudinho Serra voltou para a cadeia, ao lado de seu assessor Carmo Name Júnior e do empreiteiro Cleiton Nonato Correia, da empresa GC Obras. Eles são apontados como peças-chave do esquema de fraude em contratos e pagamento de propinas envolvendo dinheiro público.
O que pode acontecer a seguir
A delação, mesmo temporariamente arquivada, ainda não foi descartada. Se Thiago Basso cumprir os termos do acordo dentro do prazo estabelecido, o Ministério Público pode pedir novamente sua homologação. Isso reacenderia a ofensiva contra os envolvidos.
Enquanto isso, o processo segue em compasso de espera, mas o cerco judicial continua apertando. A Operação Tromper, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), promete novas fases e desdobramentos.
O futuro do caso — e de muitos nomes da política e do empresariado ligados ao escândalo — dependerá do desfecho dessa bomba congelada.
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